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Saúde e Mudanças climáticas: A relação do aquecimento global com doenças infecciosas

Vem sendo alertado que o aumento médio da temperatura global e das mudanças nos regimes de chuva nas últimas décadas levaram ao aumento dos casos de doenças tropicais, em especial a da dengue. O boletim de setembro do Ministério da Saúde, alertou que em 2022 os registros dessa doença tiveram um aumento de 189% em relação ao mesmo período de 2021.


Segundo Barcellos, doenças tropicais, por serem mais comuns nas regiões localizadas entre os trópicos, são extremamente dependentes de condições de clima para sua disseminação. Além disso, o alerta não se limita à dengue, um estudo de revisão literária presente no livro “Saúde em Foco: Temas Contemporâneos” (Editora Científica, 2020), identificou que as mudanças climáticas também possui relação com o aumento de casos de doenças como a malária, a chikungunya, a doença de Chagas, a esquistossomose e a leishmaniose.


Por isso, além da alta de casos, “também é possível observar uma constância nos registros ao longo do ano, quando o esperado era uma maior transmissão durante as estações mais quentes e uma diminuição considerável durante as frias”, diz o pesquisador.


Como as mudanças climáticas aumentam casos de dengue e outras doenças tropicais


Visto que os transmissores dessas doenças prosperam no calor, o aumento da temperatura média da Terra favorece sua proliferação, ao observar a ecologia de vetores relacionados às doenças tropicais, nota-se a relação com as altas temperaturas, elevada umidade relativa do ar, o tempo de duração da estação de verão ou das condições de calor e umidade.


Outro ponto é que o maior volume de água nas chuvas também está ligado com mais casos dessas doenças, uma vez que seus vetores necessitam de água parada ou com pouca correnteza para proliferar-se, portanto, quando ocorrem inundações e transbordamentos de lagoas com a presença dos mesmos, outras fontes de água acabam contaminadas.


Alerta de outras doenças infecciosas


Os cientistas estão alertando para o aumento de infecções bacterianas fatais devido ao aquecimento global, com destaque para o aumento de casos da bactéria Vibrio vulnificus, que se desenvolve em águas costeiras quentes e rasas. Um estudo revelou um aumento significativo de infecções por V. vulnificus ao longo da costa leste dos Estados Unidos, passando de 10 para 80 casos por ano em um período de 30 anos. Prevê-se que até 2041-2060, essas infecções poderão atingir áreas densamente povoadas, como Nova York, com o potencial de dobrar o número de casos anuais devido ao envelhecimento da população, que é mais suscetível à infecção.


O estudo também sugere que, até 2100, infecções por V. vulnificus podem se espalhar por todos os estados do leste dos EUA em cenários de emissões e aquecimento de médio a alto. Embora o número de casos nos EUA seja relativamente baixo, a infecção por V. vulnificus tem uma alta taxa de mortalidade, com uma chance de um em cinco de levar à morte. Além disso, o tratamento da doença é caro.


Os pesquisadores destacam a importância da conscientização individual e pública nas áreas afetadas, enfatizando a necessidade de ação imediata ao detectar sintomas para evitar consequências graves para a saúde. Eles também sugerem sistemas de alerta precoce específicos para informar sobre condições ambientais de alto risco, juntamente com programas de conscientização direcionados a grupos de risco, como idosos e pessoas com problemas de saúde subjacentes.


O estudo é o primeiro a mapear as mudanças na localização dos casos de V. vulnificus ao longo da costa leste dos EUA e explorar como as mudanças climáticas podem afetar sua propagação no futuro, destacando o impacto da mudança climática na saúde humana e nas regiões costeiras .



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